Por Guilherme Prendin
O docinho consumido na hora do recreio, a bolachinha de depois do almoço e o salgadinho do final de tarde, aliados ao sedentarismo, estão fazendo com que cada vez mais jovens se tornem obesos em todo o mundo. Confira a seguir as causas e conseqüências desse grave problema e também o que está sendo feito para combatê-lo.
Em tempos em que os principais meios de diversão de crianças e adolescentes são o computador e o videogame, um problema cresce de forma cada vez mais rápida: a obesidade infantil. Em um recente levantamento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou índices preocupantes: 155 milhões de jovens apresentam excesso de peso em todo o mundo, ou seja, uma em cada dez crianças é obesa. Só no Brasil, a obesidade cresceu aproximadamente 240% nos últimos 20 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o país apresenta 6,7 milhões de crianças com esse problema. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, nos últimos 30 anos o índice de crianças obesas passou de 3% para 15% no país.
A nutricionista Isa de Pádua Cintra: o sedentarismo é um dos fatores que ajudam a criança a ganhar peso.
Segundo a nutricionista Sheyla Santos Quelle Alonso, existem vários fatores que são determinantes no processo que leva à obesidade. Um dos principais é o sedentarismo. “Atualmente, a maioria das atividades de lazer das crianças não envolve exercício físico, ou seja, elas muitas vezes se distraem no computador, na televisão e no videogame. Antigamente, as crianças jogavam bola e soltavam pipa muito mais do que hoje em dia. Essa inatividade aumenta, e bastante, as chances de elas virem a ganhar peso”, garante a médica, que destaca também o baixo valor nutricional dos alimentos consumidos pelas crianças como outro fator que contribui para agravar o problema. “Hoje as indústrias fabricam muitas guloseimas e alimentos ricos em gorduras, opções que atraem as crianças. Isso, somado ao fato de os pais não controlarem muito a alimentação dos filhos, acaba levando à obesidade”, afirma.
Como conseqüência desses fatores, surgem os problemas de saúde. De acordo com a nutricionista e professora do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (entidade que integra o Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo), Isa de Pádua Cintra, há alguns anos não se poderia imaginar que uma pessoa com 9 ou 10 anos de idade pudesse ter grandes probabilidades de sofrer infarte, derrame ou apresentar diabete do tipo 2, problemas comuns em adultos. Com os crescentes índices de obesidade infantil, essas e outras enfermidades — como hipertensão, aumento da pressão arterial, distúrbios hormonais, alterações na postura e colesterol alto — passaram a fazer parte do cotidiano dos jovens com excesso de peso.
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