julho 09, 2010

SUJO EU??

artigo- A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA E OS JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL


CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA – LICENCIATURA -
Gersilara Marqueto

RESUMO

O presente trabalho é a síntese de um estudo que nos remete a pensar sobre a importância do uso de jogos e brincadeiras na educação infantil, fase em que a criança viverá uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano. Nos aspectos intelectual, emocional, social e motor, que será tanto mais rica quanto mais qualificada forem às condições oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam. Pensando nestes aspectos, a brincadeira age na criança como ferramenta que entre a criança e o brinquedo, e também das crianças entre auxilia seu desenvolvimento, sendo um processo re relação si e com os adultos que interagem em seu meio, a fim de colaborar para o desenvolvimento do aprendizado de habilidades psicomotoras e proporcionando o estímulo dos sentidos e suas relações interpessoal e intrapessoal.

Palavras-chave: brincadeira, jogos, educação infantil.

INTRODUÇÃO

Significativas mudanças estão acontecendo no discurso acerca do brincar, percebemos cada vez mais seu significado para a criança e suas possibilidades na área de educação, cultura e lazer. São três áreas que embora distintas integram-se perfeitamente e no desenvolvimento dos jogos e brincadeiras caminham juntas.

Na educação, usamos o jogo e a brincadeira como artifício e oportunidade de ensinar, dado as infinitas possibilidades de favorecer as relações sociais e estimular sentimentos e desafios. Seja atribuída a função didática a tais práticas, a preservação da essência lúdica deve ser priorizada, para que assim não se perca em formalidades e cobranças, lembrando que as crianças aprendem a se relacionar com o mundo mais pelas relações humanas que as cercam.

Ao pensarmos em lazer, os jogos e brincadeiras podem vir por do objeto, brinquedos são importantes pelas possibilidades que proporcionam, mas como uma faca de dois gumes a valorização do objeto em si acaba por desencadear certa ansiedade às crianças bem como aos adultos e educadores. O zelo exacerbado pelo objeto frustra as expectativas depositadas pelas crianças no momento em que de fato brincam. O espaço lúdico deve acontecer em favor da proposta da escola e objetivos do educador.

Ressaltando o resgate da memória cultural e histórica, o lúdico auxilia na área da cultura onde resgata brincadeiras tradicionais.

Mesmo que a pratica do brincar não acompanhe rigorosamente o discurso, onde aconteça muitas vezes nos intervalos de espera, descanso, ou com objetivos exclusivamente produtivos, valorizar os jogos e brincadeiras no desenvolvimento das crianças na educação infantil não é apenas brincar por brincar, é muito mais complexa, define-se como meio em que descobertas, investigações e criações são elaboradas naturalmente.

DESENVOLVIMENTO

O JOGO E O BRINCAR NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A criança joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade,

que a justo título podemos considerar sagrada. Mas sabe perfeitamente que o que está

fazendo é um jogo.

J. Huizinga



É evidente que os jogos e brincadeiras sempre estiveram presentes na vida da criança, independente do tempo, costumes e do grupo social a que fazem parte. É também na infância que as brincadeiras estão mais latentes e é por meio delas que as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e interesses particulares, bem como, aprendem que viver em sociedade, e conviver e respeitar determinadas regras.

O brincar é uma das atividades mais corriqueiras que acontecem no desenvolvimento dos seres humanos, pois vem vinculada a estímulos de liberdade, alegria, recompense. A criança ao desempenhar esta ação realiza por meio da fantasia e da imaginação ações no mundo real.

No dicionário de língua portuguesa podemos encontrar a definição do termo “brincar” como: folgar; não levar a sério. “Verbo transitivo: adornar; zombar; gracejar.” (FERREIRA, 2001, P. 152). O comportamento lúdico é universal, pertence a todas as pessoas. É um símbolo de humanidade, sem preconceitos, não necessita de passaporte nem tem idioma, bandeira ou moeda, porque não tem fronteiras.

É importante observar o pensamento de alguns estudiosos sobre a importância da ludicidade no desenvolvimento infantil. Para Piaget (apud KISHIMOTO, 1999), a brincadeira não recebe uma conceituação específica, e entendida como ação assimiladora, a brincadeira aparece como forma de expressão da conduta, dotada de características metafóricas como espontânea, prazerosa, semelhantes às características do Romantismo e da Biologia. Piaget (apud KISHIMOTO, 1999) distingue a construção de estruturas mentais da aquisição de conhecimentos. A brincadeira, enquanto processo assimilativo participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem.

Para Vygotsky (apud KISHIMOTO, 1999), os paradigmas para explicar o jogo infantil localizam-se na concebe o mundo como resultado de processos histórico-sociais que alteram que influenciam não só o modo de vida da sociedade, mas as formas de pensamento do ser humano, sendo construída como resultado de processos sociais.

Freud (apud ANTUNES, 2003) pontua o brincar como o mais saudável caminho para canalizar energia, construindo-se processos de sublimação saudáveis e identificadores.

Pensando assim podemos dizer que o brincar na educação infantil propicia o afeto e a sociabilidade, dando voz aos sonhos infantis. A criança que de maneira saudável brinca e se realiza nos seus brinquedos está se distanciando de sofrimentos e angústias que o acompanharão pela vida.

Os Referenciais Curriculares Nacionais (R.C.N.) de Educação Infantil, documento elaborado pelo MEC e enviado aos professores, promove às brincadeiras e jogos na educação infantil por contemplarem diferentes formas de linguagem.

Brincar é um direito fundamental de todas as crianças no mundo inteiro, cada criança deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Para que isto realmente aconteça a escola deve oferecer tais oportunidades e perspectivas para a construção e apropriação do conhecimento através da descoberta e da invenção, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio.

Relacionar a educação da criança aos jogos e brincadeiras lúdicas, é dar o sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo.

As brincadeiras acompanham a criança pré-escolar nesse período da vida da criança, são relevantes todos os aspectos de sua formação, pois como ser bio-psico-social-cultural dá os passos definitivos para uma futura escolarização e sociabilidade adequadas como membro do grupo social que pertence. Sua personalidade começa a consolidar-se: o auto controle e a segurança interna começa a despontar.

O brincar é uma necessidade para a criança, pois é por meio destas que se pode ter múltiplas oportunidades de se expressar, socializar-se e extravasar os seus mais íntimos desejos,sensações, sentimentos e emoções. Por isso, para os adultos, além da utilização das brincadeiras e jogos lúdicos como ferramenta para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, a sua observação surge como uma oportunidade de analisar as dimensões afetivas, cognitivas, sociais, morais, culturais e lingüísticas do comportamento infantil e diagnosticar necessidades e interesses da criança.



CONCLUSÃO

As brincadeiras e os jogos lúdicos desenvolvidos no ambiente escolar não são exatamente iguais ao brincar e jogar de outras ocasiões e contextos, considerando os agentes reguladores e o meio em que a criança esteja inserida, pois na escola a rotina é diferenciada por normas que auxiliam na organização das atividades e nas ações das pessoas, bem como na interação entre elas proporcionando o crescimento continuo do grupo.

O brincar é um recurso pedagógico de grande valia para os educadores, e tem que ser observado com cautela e clareza, brincar é uma atividade essencialmente lúdica que a criança aprende mesmo antes de nascer quando a mãe o ensina a cantar, conta histórias... Ao deixar esta natureza perder-se certamente a descaracterizar-se-á como jogo ou brincadeira.

Os jogos lúdicos por meio das brincadeiras promovem a constituição do próprio indivíduo, em amplo aspecto contribui para o desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e na construção do conhecimento, são processos interligados que não acontecem satisfatoriamente quando individualizados.

Portanto, o brincar, é uma forma de atividade humana e seu valor predomina na infância, onde se faz como meio para veicular e complementar o processo educativo, além de por meio de sua utilização promover o desenvolvimento de habilidades psíquicas, dos movimentos, propiciando conhecimentos em que o indivíduo conhece e identifica seu próprio corpo, faz uso da linguagem e da narrativa podendo gerir aprendizado em áreas

THE IMPORTANCE OF PLAYING AND GAMES IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION

This work is the synthesis of a study that refers us to think about the importance of using games and play in child education, phase in which the child will live one of the most complex stages of human development. In matters intellectual, emotional, social and motor, which will be richer the more qualified they are to the conditions offered by the environment and the adults that surround it. Thinking in these ways, the game acts as a tool that the child between the child and the toy, and also helps children from their development, process re one relationship with each other and the adults who interact with their environment, to work for development the learning of psychomotor skills and providing the stimulation of the senses and their interpersonal and intrapersonal relationships.


Keyword: game, games, children's education.


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. M. O. O lúdico e a construção do conhecimento: uma proposta pedagógica construtivista. Prefeitura Municipal de Monte Mor, Departamento de Educação, 1992.

BROUGÉRE, G. Jogo e educação. Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

FRONBERG, Doris. Pronin-play inthe early childhood LEONTIEV, Aléxis. Os princípios psicológicos da brincadeira pré-escolar.In: VIGOTSKY, Lev; LURIA, Alexander; LEONTIEV, Alex. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Ícone; Editora Universidade de São Paulo, 1988.

KISHIMOTO, Tizuco M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003b.

KISHIMOTO, T. M. (apud Froebel). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.

KISHIMOTO, T. M. Jogos tradicionais infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1993.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.