Por Içami Tiba
Um bom e merecido elogio eleva a alma, aumentando a auto-estima, enquanto uma severa crítica destrutiva congela a pessoa, minando a auto-estima. Tanto elogios quanto críticas chegam de outras pessoas, reforçando ou contrariando o que uma pessoa avalia de si mesma. Não costuma ser bem visto um autoelogio, mas uma autocrítica é estimulada em uma sociedade onde se pretende que as pessoas procurem melhorar sempre. Mas não há como impedir que uma pessoa sinta um bem estar quando faz algo que ela mesma aprove e aprecie. Raramente uma pessoa deix a de fazer uma autocrítica, principalmente quando ela tem o hábito de reavaliar a sua participação seja em onde e como for. Esta autoavaliação pode ser entendida como se a pessoa tivesse dentro de si um juiz que lhe avaliasse em cada pensamento, sentimento ou ação. Este juiz que habita o interior de todas as pessoas um dia já esteve fora. São os pontos de vista dos seus pais (professores, parentes ou quaisquer outras pessoas) que lhes sejam importantes e significativas. Se estas pessoas foram saudáveis educadores, isto é, souberam dosar bem os elogios e críticas, o juiz é bastante justo. Desenvolve-se o juiz interno como se desenvolve a língua que os circundantes usam. Em geral, pais muito severos que só criticam desenvolvem um juiz autocrítico severo, mas um fraco autoelogiador e pais que só elogiam desenvolvem um juiz permissivo que avalia como positiva qualquer ação que venha a praticar. Nem tanto à terra, nem tanto ao mar, mas neste caso, o equilíbrio não está no meio, mas o juiz ser mais crítico ou elogiador conforme a necessidade da própria criança a ser educada. Nem todas as crianças nascem iguais. Umas já nascem mais sossegadas e outras mais agitadas. Em geral as mais sossegadas aprontam menos, pois pensam antes de fazer e levam menos broncas que as agitadas que acabam fazendo sem pensar. Broncas e críticas a crianças mais tranqüilas tornam o seu juiz interno muito autocrítico. Elogios e afagos a crianças impulsivas constroem um juiz interno muito permissivo e quase delinqüente. Imaginemos o que acontece com uma criança que já tenha seu juiz interno mais crítico que elogiador receba do professor uma crítica, um apelido, uma gozação, uma ironia, ou uma desqualificação do professor durante a aula, ou dos colegas formadores de opinião fora da sala de aula... Há críticas que ajudam e outras que atrapalham. As que ajudam são as verdadeiras, mas critica-se a ação e não a pessoa. Chamar um aluno de "vagabundo" por não ter feito uma lição é julgar o aluno e não a sua falha. É preciso ter elevadíssima auto-estima para não se abalar com apelidos pejorativos colocados por colegas conhecidos e/ou conviventes. Existe em família um costume horrível: criticar a pessoa querida por desejar que ela melhore. Tão horrível quanto elogiá-la em tudo, mesmo que não mereça o elogio, pois, assim, pensam os elogiadores, "quem sabe ela melhore..." Isso pode acontecer com pais que por algum motivo acabam sendo professores dos seus próprios filhos. O que acontece com estes pais tem um nome: envolvimento emocional. Tanto o elogio quanto a crítica não devem ser sobrecarregados com outros significados além dos seus próprios. Assim, principalmente os educadores não devem misturar suas emoções, afetos, preferências e rejeições sobre seus elogios e críticas aos seus alunos, sob o risco de descaracterizar suas funções educativas.
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